Segurança Cibernética em Fintechs: Protegendo Seus Dados Financeiros

Segurança Cibernética em Fintechs: Protegendo Seus Dados Financeiros

No cenário atual, onde as transações financeiras acontecem em instantes e em escala global, a segurança cibernética se tornou um pilar indispensável para as fintechs. Após incidentes de grande repercussão em 2025, como o ataque ao Monbank que resultou no desvio de milhões de reais, o setor compreendeu que não há margem para descuidos. Dados pessoais, credenciais e informações sensíveis estão constantemente sob ameaça. Por isso, é fundamental compreender não apenas os riscos, mas também as medidas que garantem a continuidade dos negócios e a confiança dos usuários.

Por que a Segurança Cibernética é Crucial nas Fintechs

As fintechs nasceram para oferecer agilidade, inovação e facilidade no acesso a serviços financeiros. Entregar experiências digitais impecáveis, contudo, requer muito mais do que interfaces modernas. A proteção das informações de clientes e das próprias instituições é vital para manter a reputação e evitar prejuízos irreparáveis. Em um ambiente em que cada operação gera volumes massivos de dados, combinação de tecnologia e proteção passa a ser a espinha dorsal de qualquer estratégia de negócio.

A crescente adoção de inteligência artificial, automação e APIs abertas amplia a eficiência, mas também aumenta a superfície de ataque. Por isso, as fintechs precisam adotar uma postura proativa: antecipar cenários, avaliar vulnerabilidades e promover uma cultura de segurança dentro da empresa que envolva todos os colaboradores, parceiros e fornecedores.

Desafios Atuais e Ameaças Emergentes

Em 2025, as ameaças cibernéticas evoluíram em velocidade e sofisticação. Além de técnicas consagradas, como phishing e malware, novos vetores de ataque surgem com o uso de deepfakes, bots automatizados e exploração de APIs mal protegidas. Sistemas defasados e falta de requisitos de governança ampliam riscos operacionais, tornando os incidentes frequentes e caros.

  • Phishing e engenharia social voltados a roubo de credenciais
  • Fraudes digitais sofisticadas com uso de inteligência artificial
  • Deepfakes aplicados para burlar processos de verificação
  • Integrações de API inseguras e sem segmentação de ambientes
  • Distribuição de malware por meio de aplicativos móveis

Em paralelo, destaca-se a escassez de profissionais especializados em segurança cibernética. A demanda não é suprida pela oferta, e muitas fintechs enfrentam dificuldades para montar equipes completas. Isso afeta diretamente a capacidade de resposta e a eficiência das defesas.

Panorama Regulatório: Normas e Obrigações

No Brasil, o marco regulatório para fintechs e instituições de pagamento tornou-se mais rigoroso em 2025. O Banco Central ampliou exigências para movimentações acima de R$ 500 milhões em ativos, enquanto a LGPD impõe multas milionárias por vazamentos de dados. A Resolução CMN nº 4.893/2021, em especial, estabelece diretrizes para políticas de segurança cibernética, plano de ação e resposta a incidentes.

Além disso, novas regras proibiram o uso de termos como “banco” sem licença e estabeleceram obrigações de governança, capital mínimo e controles internos rigorosos. O não cumprimento acarreta sanções severas, agravadas por exigências de comunicação imediata de incidentes à ANPD e aos clientes afetados.

Estratégias Práticas para Fortalecer a Defesa

Para enfrentar esse cenário, as fintechs devem investir em processos robustos que integrem pessoas, tecnologia e governança. É essencial adotar controles que permitam detectar anomalias em tempo real e reagir com resposta imediata a incidentes, minimizando impactos.

  • Autenticação multifatorial para acessos internos e externos
  • Auditorias de segurança semestrais e testes de penetração independentes
  • Monitoramento contínuo de tráfego e análise de logs
  • Capacitação e treinamentos regulares de equipes
  • Gestão centralizada de credenciais e privilégios

Essas práticas devem ser complementadas por políticas claras de resposta a incidentes, que definam responsabilidades, fluxos de comunicação e planos de contingência. A integração entre departamentos de TI, jurídico e compliance garante eficiência e alinhamento estratégico. A contratação de soluções de gap analysis, monitoramento de eventos de segurança e sistemas de detecção de intrusão em nuvem reforça as defesas. O uso de plataformas de gestão de segurança centralizadas facilita o acompanhamento de indicadores e acelera a resposta.

O Papel da Inovação e da Colaboração no Futuro

O ecossistema financeiro precisa evoluir em conjunto para enfrentar desafios complexos. Propostas de entidades como ABBC e Febraban sugerem um “pacote técnico equilibrado” que prevê respostas rápidas a riscos emergentes e reformas estruturais de longo prazo. Além disso, a adoção de frameworks abertos de segurança e a troca de informações sobre ameaças em tempo real fortalecem a resiliência coletiva.

No horizonte, tecnologias como blockchain podem oferecer trilhas de auditoria confiáveis, enquanto a inteligência artificial responsável auxilia na identificação proativa de padrões suspeitos. Mais do que isso, a valorização de profissionais de segurança, com programas de capacitação e certificação, será determinante para fechar a lacuna de talentos e garantir uma cultura de segurança dentro da empresa sólida e sustentável.

A colaboração entre fintechs, reguladores e provedores de tecnologia também pode resultar em compartilhamento de inteligência sobre novas ameaças, acelerando a adaptação de defesas. Eventos de segurança, hackathons e grupos de trabalho são formas de criar redes robustas de proteção que beneficiam todo o setor, enquanto se mantém um ambiente de inovação responsável e dinâmico.

Estudo de Caso: Lições do Monbank

Em setembro de 2025, a fintech Monbank enfrentou um dos maiores desafios de sua história quando hackers exploraram vulnerabilidades em rotinas de auditoria e desviaram R$ 4,9 milhões em poucas horas. O incidente abalou a confiança de investidores e clientes, gerando uma onda de questionamentos sobre a robustez dos controles internos.

Esse episódio ilustra a importância de combinar fatores técnicos e humanos no processo de proteção. A ausência de auditorias de segurança semestrais aliada à demora na detecção da invasão ampliou danos e dificultou a recuperação dos valores. Após o desastre, a empresa investiu em um programa intensivo de reforço de governança e treinamentos de resposta a incidentes.

  • Revisão completa de processos de auditoria e monitoramento
  • Implementação de controles de acesso baseados em risco
  • Parcerias com especialistas externos para testes de penetração
  • Capacitação contínua da equipe de segurança

Ao transformar aprendizados em ações concretas, Monbank conseguiu recuperar a credibilidade e se tornou referência em segurança, provando que adversidades podem ser motores de evolução.

A jornada de proteção cibernética é contínua e exige comprometimento diário. Cada melhoria implementada representa um passo em direção a um mercado mais confiável e resistente a ataques. Mais do que cumprir normas, trata-se de cuidar de pessoas, preservar reputações e assegurar o futuro digital das fintechs.

Somente com uma visão integrada — que alie tecnologia, processos e governança — as fintechs estarão preparadas para transformar riscos em oportunidades de inovação e fortalecer a confiança dos clientes. Invista em segurança cibernética como um diferencial competitivo e construa, agora, as bases de um ecossistema financeiro mais seguro e resiliente.

Referências

Matheus Moraes

Sobre o Autor: Matheus Moraes

Matheus Moraes